Escorregamento de motor. O que é e como calcular?

Em Conceitos de eletricidade por Henrique Mattede

Os motores de indução são relativamente simples se comparados aos motores de corrente contínua, mas existem determinadas características que devem ser observadas em um motor de indução, como por exemplo a velocidade síncrona de um motor de indução trifásico ou escorregamento em motores de indução. Iremos responder a estas perguntas, além de ensinar passo a passo como calcular a velocidade síncrona e escorregamento de um motor de indução, além de falar o que é escorregamento entre outras características de um motor de indução trifásico, vamos lá pessoal!

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Sem dúvidas os motores de indução trifásicos são os mais utilizados dentro das indústrias devido às suas diversas vantagens, como por exemplo, possuírem uma construção mais simples, baixo custo de manutenção, alimentação e controle em relação aos motores de corrente contínua e motores de indução monofásicos, mas ainda existem muitos detalhes a serem conhecidos em um motor de indução, como características, aplicações e funcionamento, como por exemplo a velocidade síncrona do motor.

Fórmula para calcular escorregamento.

Escorregamento em motores.

Motor de indução: Velocidade síncrona.

Os motores de indução trifásicos possuem uma velocidade constante, por causa do campo magnético girante, por tanto a velocidade do campo magnético girante é chamada de velocidade síncrona, de forma que a velocidade síncrona do motor varia em função da quantidade de polos magnéticos e a frequência da rede elétrica em que o motor está instalado

Podemos concluir que a velocidade síncrona do motor de indução é inversamente proporcional a sua quantidade de polos magnéticos e diretamente proporcional à frequência, ou seja, quanto maior a quantidade de polos em um motor, menor será a sua velocidade, e quanto maior for a frequência em um motor maior será a sua velocidade.

Só é possível mudar a velocidade síncrona do motor de indução trifásico variando a sua quantidade de polos, que será em velocidades fixas, ou mudando a frequência, porém é importante destacarmos que a quantidade polos em um motor é uma característica física do motor, que não é possível ser alterada durante o seu funcionamento, sendo que a única exceção é o motor Dahlander, ou seja, só é possível variar a velocidade de um motor variando a sua frequência, como por exemplo usando um inversor de frequência.

Podemos ver e entender melhor porque a variação da velocidade do motor é em função da quantidade de polos e frequência de acordo como a fórmula apresentada na imagem abaixo:

Como calcular velocidade síncrona?

Fórmula para velocidade síncrona.

Velocidade síncrona: exemplo 01

Para que fique mais claro, vamos encontrar em rpm a velocidade síncrona em um motor de indução trifásico, como quatro polos, ligado a uma rede de alimentação de 220 volts e frequência de 60Hz. Para encontrar a velocidade síncrona do motor basta substituir os valores que temos na fórmula, como mostra a resolução na imagem abaixo:

Como calcular a velocidade síncrona em um motor.

Resolução para encontrar a velocidade síncrona em um motor de 4 polos.

Velocidade síncrona: exemplo 02

Agora mostramos na imagem abaixo a mudança da velocidade síncrona de um motor de seis polos, ligado em uma rede de alimentação de 220 volts e frequência de 60Hz. Para isso, basta substituir os valores, veja como é:

Como calcular a velocidade síncrona em um motor.

Resolução para encontrar a velocidade síncrona em um motor de 6 polos.

Escorregamento em motor de indução:

Temos que entender que a velocidade do campo girante, ou velocidade síncrona do motor, nem sempre possuí a mesma velocidade no rotor, pois existe a exceção para os motores síncronos. A velocidade no rotor podemos chamar de velocidade nominal, sendo que nos motores que possuem escorregamento, essa velocidade nominal sempre será menor do que a sua velocidade síncrona do motor de indução.

A velocidade no rotor sempre é menor do que a velocidade do campo magnético devido a vários fatores, entre eles podemos citar o pequeno atrito que é gerado entre os rolamentos e o eixo do motor e principalmente as cargas ligadas ao motor e entre outras perdas.

O fenômeno que definimos como escorregamento em um motor, nada mais é do que a perda de velocidade que temos no rotor de um motor, ou seja, é diferença entre a velocidade do campo girante magnético do motor e a velocidade medida no eixo do motor, o valor que obtemos de escorregamento do motor é fornecido em porcentagem pela maioria dos fabricantes, mas que pode ser calculada.

O conceito de escorregamento consiste na diferença entre a velocidade no eixo do motor (o rotor) e a velocidade do campo girante magnético. É importante mencionar que é o motor ligado a vazio, ou seja, não possui carga ligada a ao motor. Nesta condição a rotação do motor é praticamente a mesma que a velocidade síncrona, dessa forma podemos falar que o escorregamento diminui de acordo com o quanto a potência aumenta.

A imagem abaixo mostra a fórmula usada para calcular o escorregamento em um motor de indução:

Como saber o escorregamento em um motor?

Fórmula para encontrar o escorregamento em motores.

Calculando o escorregamento:

Iremos calcular o escorregamento para um motor de indução trifásico alimentado com uma tensão de 380V, 60Hz, velocidade síncrona de 1800 RPM, 4 polos e como uma velocidade medida no rotor de 1748 rpm. Assim como nos exemplos que fizemos anteriormente, é necessário apenas identificar os dados que serão necessários para usar na fórmula e substituir os valores, como mostra a imagem logo abaixo:

Como calcular o escorregamento em motores.

Resolução para encontrar o escorregamento em motores.

Caso ainda tenha ficado alguma dúvida em relação aos conceitos e como calcular o escorregamento em motores, o vídeo abaixo mostra como calcular e todos os detalhes sobre escorregamento.

Finalizamos aqui mais um artigo e esperamos ter ajudado a retirar todas as suas dúvidas sobre como calcular escorregamento em motores! Caso ainda tenha restado alguma dúvida ou curiosidade sobre este assunto, deixe nos comentários que iremos responder.

Sobre o autor

Autor Henrique Mattede

Eletricista desde 2006, Henrique Mattede também é autor, professor, técnico em eletrotécnica e engenheiro eletricista em formação. É educador renomado na área de eletricidade e um dos precursores do ensino de eletricidade na internet brasileira. Já produziu mais de 1000 videoaulas no canal Mundo da Elétrica no Youtube, cursos profissionalizantes e centenas de artigos técnicos. O conteúdo produzido por Henrique é referência em escolas, faculdades e universidades e já recebeu mais de 120 milhões de acessos na internet.

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5 comentários para: “Escorregamento de motor. O que é e como calcular?”

  • Hilton Sena

    Parabéns mais uma vez, por mais este material didático e bem suscito e objetivo para nossa compreensão, só temos à agradecer aos emissores do trabalho!

    Responder
    • Equipe Mundo da Elétrica

      Sempre a disposição Hilton!

      Responder
  • Leoni

    Muito bom

    Responder
    • Equipe Mundo da Elétrica

      Obrigado Leoni

      Responder
  • Joao

    Faltou comentar que de acordo com a lei de Faraday-Newman-Lenz, enquanto a velocidade do campo eletromagnético girante for igual velocidade do rotor, não há indução, consequentemente não a força que gire o motor. Então o motor levemente desacelera até que a indução surja novamente e empurre o motor até a velocidade de sincronismo.
    Isso cria o escorregamento e quanto maior a carga, maior o escorregamento.
    Algo que acontece no motor síncrono, mas é desprezível enquanto a carga estiver dentro da capacidade do motor.

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